●► CRISTAL

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Guardado estás como um cristal raro duplamente lapidado. Efeitos de luz equivocam-se ao transpassar os teus dois lados. Cuidado estás nesta cúpula enclausurado, para que a mão de algum desavisado não te faça pó antes do dia determinado. Assim te cuido, assim te guardo. Até que o sol, a lua ou mesmo o tempo venha tornar-te novamente a mesma areia derramada na ampulheta inutilmente.

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E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. – Filipenses 4:7
 

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  1. Um abraço em flor

    No recôndito dos seus anseios
    No suspiro de seus devaneios
    Levantava-se a doce donzela
    E mirava o jardim da janela

    Borboletas borboleteando
    Flores meigas e, de quando em quando,
    Beija-flores sorvendo as doçuras
    Horizontes, os montes, alturas…

    E era além, muito além, que fitava
    Era alguém que seus sonhos sonhava
    Seu olhar ao baixar pro assoalho
    Se cobria de um tênue orvalho

    Mas o ar ao redor benfazejo
    Entendendo seu terno desejo
    Transbordava o vapor sem demora
    Ao encontro das flores de fora

    O perfume sublime e molhado
    Para as pétalas dava o recado
    E as flores, as folhas e a hera
    Enfeitaram-se de primavera

    Docemente acolheram seu pranto
    Estendendo um puríssimo manto
    Sem poder abraçar a donzela
    Abraçaram-lhe toda a janela.

  2. Um favorzim

    Sabe, coração
    Esses sofridos instantes
    Tenebrosos, torturantes
    Da mais sentida solidão?

    Sabe, meu bem
    Ao debruçar-me à janela
    A noite entrando por ela
    Aquela lágrima vem…

    Sabe, amor
    Nas longas noites que passo
    O travesseiro que abraço
    Não pode ter seu calor

    Sabe, paixão
    Nessses momentos me sinto
    Como um espécime extinto
    Sem voz, sem vez e sem chão

    Vou lhe pedir um favorzim´
    Tá vendo esse coração?
    Tô colocando em sua mão
    Cuide bem dele para mim.

  3. Suas silhuetas

    Num álbum de poucas fotos
    De instantâneos remotos
    Olhava suas imagens
    Em admiráveis roupagens

    Modelos de obra-prima
    Com tudo, tudinho em cima,
    E em linho, algodão, veludo
    Contornos contavam tudo

    E a curvilínea figura
    De harmonia tão pura
    Subia o tom de uma oitava
    E o meu olhar marejava

    Foi quando o olhar mais lindo
    Que o mundo já viu sorrindo
    Fertilizou em meu peito
    Um saboroso conceito

    Indícios de realeza
    Vislumbres de mais beleza
    No seu mais belo retrato
    A silhueta de fato

    Nos gestos de fino trato
    Honestos, com tanto tato
    Suspiros em tons calados
    Sussurros cantarolados

    Afagos mesmo à distância
    Servidos com elegância
    E a oração despojada
    Aceitando até mesmo o nada

    Se o corpo estonteante
    Homenageio galante
    Pra silhueta da alma
    Meu peito prorrompe em palmas

  4. O dia do olhar sorrir

    No alto de um rosto perfeito
    No fundo de uns olhos de sonho
    Pairava um resquício tristonho
    De um tempo perdido e sem jeito

    Mas eis que um suspiro de cima
    Soprou toda pena pra fora
    E a lágrima pura da hora
    Achou nessa face sua rima

    E a mão que acolheu esse pranto
    Pousou num abraço de rosas
    No colo de mãos tão chorosas
    O afago suave de um manto

    O orvalho dos olhos luzindo
    Na força de um rio represado
    Sem voz, sem um som seu recado
    Brotou do sorriso mais lindo

    E o mundo assistiu no Terraço
    Um rosto inteirinho contente
    Mandando ao amado um abraço
    Na luz de um olhar sorridente

  5. Dois que te amam

    E se ao caminhar pelas ruas
    Parecer que o amor se perdeu
    Nunca se esqueça disto
    Pessoas que a amam mesmo
    Não a esmo
    Há pelo menos duas
    Jesus Cristo
    E eu.

  6. Grave greve?

    Já faz tanto tempo
    Que´ocê nada me escreve
    Será grave? Será greve?
    Receberei em breve
    Alguma amostra, de leve,
    Do seu gostoso escrever?

    Mas no contratempo
    Que essa pausa causa
    Minha estrofe sofre
    Como sofre a pauta
    Como sofro a falta
    Falta de você

  7. Tons e Tuns

    Se o coração cantar em tom maior
    Sei de cor
    Que esse tom quer dizer
    Que seu canto é de encanto por você!
    Que seu canto é de encanto por você!

    Porém se for menor e triste o tom
    Muito bom!
    Meu amor é porquê
    Por enquanto está num canto sem você…
    Por enquanto está num canto sem você.

    Se faz sol, doce sol, fala-me de emoção;
    Se só o dó, dó-ré-mi faz sol lá…
    Se o assunto em pauta é o meu coração
    O que importa é senti-lo cantar!

    Seu bom-tom dá canção
    Seu tum-tum, marcação
    No compasso ternário de quem ama
    Se o assunto em pauta é o meu coração
    Que essa pauta se torne um pentagrama

    Tom-tom-tom
    Tum-tum-tum
    Qualquer tom
    Qualquer um
    O que importa é senti-lo cantar

  8. Vozes do meu amor

    Desde o dia precioso em que ouvi
    Seu amor pela primeira vez
    E no fundo do peito acolhi
    Seu olhar, sua voz, sua tez

    Novo tempo lá dentro brotou
    De escutar os tons do bem querer
    E enganou-se quem logo pensou
    Que essa flor fosse esmaecer

    Na verdade o nascente sentir
    Só me fez conhecer sensações
    De amar, de chorar, de sorrir
    No compasso de dois corações

    Nos soluços do seu coração
    Ouvi todos seus choros meu bem
    Do bebê que nasceu sem ninguém
    À mulher que chorou solidão

    Da menina em tremendo pavor
    Vi uns olhos de angústia tão sós
    Um rostinho tão meigo sem cor
    E um nó na garganta sem voz

    Da mulher contorcendo-se em dor
    Dessas fibras minando seu bem
    Sussurrando gemidos em flor
    Sem ter forças pra mais que um Amém

    Vi palavras tecladas ao par
    Como se anjos ligassem as mãos
    E o meu nome escutei a chamar
    Como se anjos soprassem os sons

    Mas de todos os sons que escutei
    Que ´inda ouço ou talvez ouvirei
    O que mais me arrepia lembrar
    É o do límpido cantarolar

    Que sua voz maviosa entoou
    E num único som destilou
    As distantes canções de ninar
    E as que sonha algum dia cantar

  9. Seja sempre assim

    Seja sempre assim Maryhnna,
    Sensação de sol resplendente
    Sensatez de luz silente
    Pólen e olor
    Da mais linda flor
    Pequenina.

  10. Uma quinta-feira de muita luta…

    Paz em Jesus, hoje é um desejo imenso pra você.
    Que Deus tenha guardado seu corpo, alma e espírito neste dia.
    Desde que você me pediu uma pausa de telefonemas minha vida de intercessão por você intensificou-se tremendamente.
    Mas a batalha que estou travando hoje é realmente singular.
    Vinha eu orando e vigiando sem cessar por você quando chegou a hora do intervalo para o almoço.
    Enquanto descia as escadas e continuava minhas preces senti um horripilante calafrio vindo de baixo pra cima.
    Não sou dado a premonições, nem chegado a pressentimentos, mas creio muito na oração e, em especial, na intercessão.
    Não pude deixar de enviar-lhe um alerta pelo celular.
    Peço desculpas se a incomodei, mas, como disse no próprio recado, não me perdoaria jamais se não o fizesse.
    Ao me dirigir para o carro e já havendo optado por jejuar, comecei a orar em forma de gemidos e soluços
    Uma hora depois, mais ou menos, os gemidos cessaram e os soluços estancaram.
    Não sei o que houve, nem sei se houve algo.
    O que sei é que, sem sombra alguma de dúvida, postei-me a seu favor em alguma brecha desconhecida por mim.
    Agora, quase quatro e meia da tarde, ainda me pergunto: – O que Deus queria?
    Que misterioso impulso é esse que me faz dedicar quase o dia inteiro a interceder por alguém de quem sequer vi os olhos?
    Donde me vem essa força imensa, esse clamor tão intenso, essa dor tão densa e lancinante, que me orvalha os olhos?
    Até quando Senhor permitirás a esse servo lutar com tal denodo, com tanto amor?
    Graças te dou Senhor, porque onde não havia força alguma, a saber, em meu coração, fizeste brotar essa fonte interna de água viva.
    Graças te dou Senhor, pois todas as minhas fontes estão em ti.
    Que a sua preciosa filha, Marina, seja preservada íntegra e irrepreensível para o dia do encontro real e final.
    Em nome de Jesus,
    Amém.
    .
    do seu escudeiro fiel e extenuado: Wolô
    .

  11. O altar, o livro e o nome

    No altar da benignidade
    No livro da eternidade
    Seu nome se encontra escrito
    Com sangue real bendito

    O livro, o altar e o nome
    Aonde a traça não come
    Respiram suavemente
    O incenso-oração do crente

    E ao respirar os olores
    Da prece dos vencedores
    As graças do Onipotente
    Derramam-se docemente

    E quando em terra estranha
    O falso poder se assanha
    Num gesto abissal medonho
    Pra destruir o seu sonho

    Três gritos ecoam forte:
    O Cristo ao provar a morte,
    O amigo em gemido ardente,
    E o broto em flor inocente.

    E as três orações à uma
    Transformam as mãos de pluma
    Em mãos de fiel em guerra,
    Arremessando por terra

    Infernos em forma humana
    Modernos em fôrma insana
    Que batem em retirada
    Os olhos fitando o nada

    E o coração da valente
    Liberto, em paz e contente
    Se inclina ante o Cordeiro
    Seu benfeitor verdadeiro

    E escuta no ouvido interno
    Um doce segredo eterno
    Seu nome querida minha
    Já esculpi na pedrinha

  12. .
    Oi Yhnna,
    Paz!
    Se acordar de madrugada, ou ao sol da manhã veja o que fiz

    Enquanto você dormia

    Noite bem fria de outono
    Eu a velar o seu sono
    Fiquei a imaginar

    Sob esses lindos cabelos
    Vencendo a noite e seus gelos
    Que sonho lindo haverá?

    Uma viagem de infância
    Vencendo altura e distância
    Sobrevoando o quintal?

    Ou um passeio contente
    Diário de adolescente
    De precioso final?

    Seria um sonho de amada
    De moça encabulada
    De mal-me-quer, bem-me-quer?

    Ou encontrava o eleito
    No instante mais que perfeito
    De um coração de mulher?

    Você tão encolhidinha
    Tão recoberta e quentinha
    Se acomodou e sorriu

    Foi um sorriso de fada
    Como se vindo do nada
    Como um clarão fugidio

    E com imenso desvelo
    Acariciei seu cabelo
    Até seu ombro alcançar

    E ao afagar os meus dedos
    Sua mão contou-me os segredos
    Do que estava a sonhar.

  13. Quando a minha preciosa e doce amada adoece
    Meu coração parece que também desfalece
    Fecho então meus chorosos olhinhos em prece
    E aquele que tanto nos ama nossa alam fortalece.

  14. Quando a minha preciosa e doce amada adoece
    Meu coração parece que também desfalece
    Fecho então meus chorosos olhinhos em prece
    E aquele que tanto nos ama nossa alma fortalece.

  15. Quando adentro o Santo dos Santos
    Ofertar o meu pranto dos prantos
    Pela dorida flor do recanto

    Me envolve o Manto dos mantos
    E de todos os cantos os cantos
    De tantos corais sacrossantos

    E envolto no Manto dos mantos
    No incenso das preces dos santos
    Meus olhos chorosos levanto

    E encontro um olhar sacrossanto
    Que acalma meu pranto dos prantos
    Mostrando te amar tanto tanto…

  16. Nossa saudade

    Se a saudade, como dizem, ninguém explica
    Flor pequenina, pra lhe explicar, o que sou eu?
    Mas se a saudade, como dizem, é o amor que fica
    Meu amor por você, vyolina, só cresceu

  17. Chorinho do amor sem fim…

    Em meu lenço
    Me convenço
    Como é linda
    Essa emoção
    Pois se ainda
    Me enterneço
    Co´a doçura
    Do começo
    A ternura
    Não tem preço
    E o avesso
    É solidão

  18. Canto atento ao instinto e ao ponto conjunto

    Ao celebrar o encanto
    Do doce e sutil momento
    Em que ditoso me sinto
    De declarar que estou pronto
    Pra gente viver sempre junto
    Se este amor é um assunto
    Que me deixa um tanto tonto
    Declaro, talvez por instinto,
    Que o auge do encantamento
    É a gente se amar tanto tanto

  19. A primeira oração do meu dia
    .
    Quando a luz feliz da manhã
    Se despede da madrugada
    De corpo são, mente sã
    Minha prece é derramada
    Pelo hoje e pelo amanhã
    De amor à pessoa amada
    .

  20. Um desjejum e tanto
    .
    A mesa posta e florida
    Pãozinho quente seleto
    Um chazinho de hortelã
    Ou cafezinho da manhã
    Um espírito manso e quieto
    Uma alma agradecida
    .

  21. Instantes de eternidade
    .
    Ao longo de todo o dia
    Instante sim, Instante também
    Meu coração irradia
    Ondinhas de querer bem
    Que a luz do amor envia
    E o seu coração retém
    ,

  22. Amar de longe…
    .
    Ternura imensa no peito
    A alma em sobressalto
    Cuidado meio sem jeito
    Ajuda pedida ao Alto
    E o Deus que amo e exalto
    Produz um amor perfeito
    .

  23. Um minutinho.

    Medida de tempo inventada
    Em tom de brasilidade
    De incomensurabilidade
    Mas quando é a pessoa amada
    Té mesmo um nadica de nada
    Demora uma eternidade
    .

  24. Sinais telefônicos
    .
    Se ao ligar pra quem ama, o tom de voz for mais brando
    Pode saber, sua chamada tem muito valor
    Se ouvir doces suspiros de quando em quando
    Não há como negar um sublime calor
    Mas se ela atender sua chamada cantando
    Saiba então sem errar: É o mais puro amor.
    ,

  25. Aonde o amor germinou

    Meados de outono de 2008.

    Caminhava o poetinha sereno num passeio em seus jardins de letras e versos. De repente, um raio de sol novinho em folha ilumina o cantinho de um canteiro, o das mensagens amigas. Esfregou os olhos, pensando talvez vislumbrar memórias de sonhos bons, mas não. Quando fitou novamente reviu incrédulo uma flor pequenina, timidamente sorridente, querendo lhe dizer algo, mas sem coragem de fazê-lo em voz alta. O poetinha sereno, percebendo o sublime momento, fechou os olhos, inclinou-se o mais que pôde e aproximou seu ouvido esquerdo das minúsculas pétalas. O que dela ouviu arrepia-o completamente sempre que lembra.

    – Eu te amo… sussurrou a florzinha fazendo farfalhar suas pétalas tão miudinhas. Ao abrir os olhos novamente e mirar aquele brotinho aparentemente minúsculo, a imensidão de um sorriso em flor orvalhou sua vista, de há muito carente de um instante de ternura. Reparou de novo e viu a flor pequenina igualmente orvalhada por inteiro. A florzinha portava um perfume peculiar, desconhecido do poeta, mas que, ao seu coração lembrava as mais ternas essências das canções de amor. Inebriado e feliz como só um enamorado pode ficar, o sereno poetinha decidiu responder ao apelo da flor.

    – Vou cuidar dela como quem cuida do amor, vou ver se aprendo com ela como um sentimento espontâneo deve ser.

    E cuidou mesmo: conferiu-lhe um nome que só os dois conhecem, ouviu seus sonhos, afagou suas folhinhas, dedicou-lhe um poema só dela, e em noites mais frias regou suas pétalas e seu pólen com um orvalho suave e quentinho, que ela não conhecia.

    Houve contudo um dia em que sua flor tão querida pareceu lhe dizer adeus. Inexplicavelmente ao visitá-la de manhãzinha, ela parecia diminuir a olhos vistos, as petalinhas moviam-se mas eram acenos de despedida. Fechou os olhos mais uma vez querendo espantar a imagem tão cruel, mas o que viu foi ainda pior. A flor retrocedia ao chão, o chão ao redor do caule abria um vão e numa fração de segundo uma cratera imensa engolia os canteiros todos, o poeta junto, o Universo inteiro.

    Soluçou profundamente e uma lágrima por decênios represada soltou-se em câmera lenta de seus olhos. Por um desses gestos generosos do destino dos que se amam, a lágrima solitária não foi ao chão. Pousou firmemente acolhida pelo pólen da preciosa flor. Impregnada daquele pólen finíssimo escorreu rumo aos vãos entre as pétalas macias multiplicando-se em gotículas de lágrimas que escoaram esparramadas por ali. No justo momento em que a flor chorou a mesma lágrima do soluçante poetinha, a terra ao redor recebeu as gotas, fertilizou-se, nutriu as raízes da florzinha que se fortaleceu e voltou a sorrir.

    Não havia mais lugar para o choro.

    Naquele dia o poetinha amou mais do que em nenhum outro.

    Naquele dia descobriu o que antes escrevera sem conhecer: aonde o amor germina.

    E renasceram juntos, ele e a flor pequenina…

  26. Toque poemante
    .
    A lânguida nota do espreguiçar
    Da mais satisfeita e feliz das mulheres
    E o doce aroma espargido no ar
    Da essência dos nossos sutis bem-me-queres
    Esposa em flor, onde quer que estiveres
    Pra sempre haverás de comigo lembrar

    Suaves delírios ao pólen dos dedos
    Suspiros arfantes em róseos segredos
    Poema ao chamego dos mais belos sons
    No meigo aconchego de três edredons
    Foi mesmo um precioso poema tocante
    Ou puro arrepio de um toque poemante?

  27. Yhnna
    Onde andará agora Yhnna
    Nascida flor pequenina
    Entre o fulgor e a neblina
    Entre o clarão e a cortina?

    E essa criança menina
    Crescida em simples rotina
    Seu sonho bom, sua sina
    De lágrima cristalina?

    E a adolescente menina
    Ao se saber feminina
    Guardou em sua retina
    Um namorico de esquina?

    E a mulher tão menina
    Que abraçou medicina
    Escapará sem angina
    Da humanidade ferina?

    Seu coração violina
    Uma canção na surdina
    Seu lindo olhar descortina
    Um mar luar, bailarina

    Seu rosto suave se inclina
    Num sonho bom se reclina
    E onde a ternura germina
    Renasce a flor pequenina

  28. Olhar, voz, semblante.

    Num mundo enquadrado e imposto
    De plásticas mil de disfarce
    É fato tão raro encontrar-se
    O olhar transparente num rosto

    Em tempos de digo, não digo;
    De fala ensaiada e vazia
    É doce escutar a poesia
    De lábios honestos e amigos

    Num clima de gestos tão duros
    Distantes, mesquinhos, pequenos;
    É terno um semblante sereno
    Que vem de um espírito puro

    Aceite a mesura galante
    Menina do olhar transparente
    Da voz que expressa o que sente
    Da luz que produz seu semblante

  29. No fundo, no fundo

    A essência de nossos poemas
    Dos recados e telefonemas
    É maior que os anseios e traumas
    Pois reside no fundo das almas

    O segredo do textos e da rima
    Vem do olhar singular que me anima
    Vem da lágrima tua que acolho
    Pois reside no fundo do olho

    A cadência suave e gostosa
    Saltitante do verso e da prosa
    Tamborila o pulsar mais perfeito
    Pois transborda do fundo do peito

    A beleza de nossa verdade
    Fé, confiança e fidelidade
    É da flor e do floricultor
    Pois que nasce no fundo do Amor
    .

  30. Aos pés do amor maior
    .
    Frente à crescente saudade vocacionada a melancolia, e o aperto no peito nascido nó na garganta, recolho-me a um esconderijo que apenas meus joelhos e o meu Senhor conhecem.
    Ali, onde a sombra do Onipotente derrama um refrigério profundo e pacífico em minha alma carente, as palavras e os pensamentos amiudam-se e pouco ou nada poderiam expressar.
    Em compensação, do âmago do espírito, uma resposta à graça que me envolve flui como um doce suspiro de alma apaixonada.
    Obrigado – ressoa até os confins do Universo – essa voz inescrutável.
    É mesmo um régio privilégio saber-se tão amado assim por um coração de mulher benfazejo e sensato.
    A graça de ser amado por você, me arrepia a pele toda.
    A certeza de amar e ser amado, tonifica meus nervos tão sofridos quanto os seus, e um som de anjos sussurra suavemente ao meus ouvidos:
    – Quem tem um amor como esse, jamais desanima.
    E, como fundo musical, uma cadência preciosa e meiga, palpita:
    – Amem, amem. Amém.
    .

  31. Xô!!!

    Se o som daquelas vozes
    Atrozes
    Serpentearem nossos sonhos
    Risonhos
    Sussurrando falsas prosas
    Maldosas
    Nunca lhes darás ouvidos
    Ou vidas

    Mas amada de minh´alma
    Te acalma
    Não permitas que um veneno
    Obsceno
    No teu coração se instile
    E destile

    Em tua índole segura
    Amargura
    Iras, dúvidas, anseios,
    Receios,
    Ilações sem fundamentos,
    Tormentos

    Se vierem com essa história
    Inglória
    Que esse amor começou mal
    E tal
    Diga-lhes o que eu diria
    – Bom dia…
    Esse amor mal começou
    Xô! Xô!!

  32. Mulher virtuose

    Mulher carinhosa
    . No afago suave
    . Afável calor
    . No abraço a chave
    . Da força do amor

    Mulher amorosa
    . Ao véu da ternura
    . Sentir e querer;
    . Da beleza pura
    . Tens outro poder

    Mulher poderosa
    . Do nada levantas
    . Poder pra chorar
    . E em lágrimas tantas
    . Canções de ninar

    Mulher venturosa
    . Do escuro do quarto
    . Vês o amanhecer
    . Das dores do parto
    . A vida a nascer

    Mulher misteriosa
    . Teu semblante etéreo
    . Transborda uma luz
    . E um doce mistério
    . Que ninguém traduz

    Mulher fabulosa
    . Tu tens o poder
    . Pros frágeis conceitos
    . E os mil preconceitos
    . Com graça vencer

    Mulher preciosa
    . No topo de tudo ou
    . Num canto qualquer
    . Dirás sobretudo:
    . – Meu nome é Mulher!

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